'Marquês de Paranaguá foi um dos maiores políticos que o Piauí produziu', diz diplomata

 
Durante a sessão do Congresso Nacional de homenagem ao Marquês de Paranaguá, o sobrinho-trineto do homenageado, diplomata Marcos Henrique Paranaguá, falou sobre a vida e biografia do político e o classificou como uma das maiores biografias públicas que o Piauí já produziu.

Marcos Henrique destacou três pontos da vida de João Lustosa da Cunha Paranaguá, o Marquês de Paranaguá, a seu ver importantes de serem conhecidos pelas novas gerações. Segundo o diplomata, um dos legados mais importantes do Marquês de Paranaguá foi o seu altíssimo sentimento de "compostura e correção", os quais permitiram que, mesmo tendo relação muito próxima com o imperador D. Pedro II, jamais se utilizasse de seu prestígio para obter qualquer promoção pessoal ou benefício próprio.

- Tanto isso é verdade que, o Marquês de Paranaguá somente recebeu o título de Visconde em 1882, já bem depois de ter sido deputado, senador vitalício e ministro de várias pastas. Tendo, inclusive, chefiado o Ministério da Guerra, durante o duro período da Guerra do Paraguai - afirmou.

Marcos Henrique citou ainda como qualidades marcantes do Marquês de Paranaguá a “sua defesa do pragmatismo político, sem prejuízo da honra” e o seu profundo interesse pelos problemas do Piauí.

Quanto ao compromisso com o Piauí, Marcos Henrique lembrou que foi somente por ação do político, que patrocinou um projeto de troca de uma região interior do Piauí com uma área litorânea do Ceará, que foi possível ao Piauí contar com uma saída para o mar.

- Portanto, nós piauienses, que vamos veranear em Parnaíba, devemos nos lembrar e agradecer ao Marquês de Paranaguá por ter patrocinado essa permuta que nos deu o litoral - declarou.


Fonte: Agência Senado.

Parlamentares destacam visão futurista do Marquês de Paranaguá



Em sessão solene para lembrar o centenário da morte de João Lustosa da Cunha, o Marquês de Paranaguá (1821-1912), parlamentares destacaram a visão futurista do político durante toda a sua atuação política.

Na opinião do senador Wellington Dias (PT-PI), que assinou o requerimento para a homenagem com o deputado Paes Landim (PTB-PI), merece destaque, entre as muitas ações do Marquês de Paranaguá, o seu empenho em transformar as agruras do homem nordestino em grandes questões que exigem solução nacional e sua luta constante pela sensibilização da sociedade brasileira para o problema da seca, da miséria e da pobreza no nordeste.

- Estavam enunciados ali os princípios das políticas públicas de redistribuição de renda, que notabilizam e singularizam as experiências de gestão do meu partido, o PT, que tanto foco deposita na superação das condições desiguais de desenvolvimento do Brasil e, de modo especial, do Nordeste. Era uma perspectiva de inclusão que estava sendo enunciada – avaliou o senador.

Wellington Dias também registrou que o Marquês de Paranaguá é considerado um dos pais fundadores da nação brasileira, tendo auxiliado a definir os contornos do ordenamento jurídico do país após a emancipação política. O senador destacou ainda a contribuição do político em campos como o da administração, da economia e das finanças e, principalmente, o seu pendor para a moderação e a mediação de conflitos, com negociações em busca de consenso, da preservação da integridade e da coerência.

- Tinha lhana no trato, cortesia nas relações pessoais, habilidade em resolver questões polêmicas – disse.

O deputado Paes Landim (PTB-PI) destacou a “visão iluminada” do Marquês de Paranaguá ao sustentar bandeiras fundamentais para o desenvolvimento do Piauí, recorrentes até os dias atuais, como a navegabilidade do rio Parnaíba e a interligação das águas dos rios Parnaíba e São Francisco.

- É importante dizer que, em razão da sua luta, foi criada depois a Companhia de Navegação do Rio Parnaíba – destacou.

Paes Landim destacou a necessidade de resgatar mais os documentos que registram a importância do marquês. Ele relatou que o escritor Chico Castro descobriu, por conta própria, uma vasta documentação de João Lustosa, doadas por seus descendentes, no Museu Imperial de Petrópolis.

Chico Castro sugeriu que o Senado digitalize o arquivo de documentos de Petrópolis. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) considerou a sugestão relevante e afirmou que vai transmitir o pedido ao presidente José Sarney. O deputado Hugo Napoleão (DEM-PI) também se pronunciou sobre a importância do marquês para o país.
 
 
Biografia
 
Nascido em uma fazenda na antiga freguesia de Nossa Senhora do Livramento, no sul do Piauí, o Marquês de Paranaguá veio a ser um dos mais ilustres políticos brasileiros e um dos mais eminentes homens públicos do Piauí durante o 2º Reinado (1840-1889).

João Lustosa da Cunha Paranaguá (1821-1912), 2º visconde e marquês de Paranaguá, atuou durante quarenta anos na política, de 1850 à implantação da República, em 1889.

Deputado na Assembléia Geral de 1850 a 1864, foi eleito, em 1865, senador vitalício, cargo que ocupou até à queda do Império. Entrelaçou a atividade parlamentar com a de presidente das províncias do Maranhão, Pernambuco e Bahia e a de ministro do imperador D. Pedro II, tendo sido titular das pastas da Justiça, da Guerra, da Fazenda, além de ter presidido o Conselho de Ministros.

Nomeado conselheiro de Estado, foi ainda ministro dos Negócios Estrangeiros. De conservador a chefe liberal, conforme o historiador Tavares de Lyra, o marquês teve suas iniciativas parlamentares, dentre as quais se destacam as reformas hipotecária e do Exército e a Lei de Execuções, publicadas nos anais da Câmara e do Senado.


Fonte: Agência Senado
 (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado).